ESTÓRIAS DE UMA ESCOLA DE COZINHA

Eu ia voltar para a escola e dessa vez como professora. Viria a me tornar aluna também, logo em seguida, seduzida pela proposta, pelo conteúdo, os profissionais e sua criadora — tudo que estava lá na Escola Wilma Kövesi de Cozinha. Wilma, essa mulher corajosa e doce, tinha a habilidade de nos estimular a sermos um pouco como ela, mestres e aprendizes. Com sua generosidade e conhecimento, abriu as portas e caminhos para o entendimento de que o que existe na cozinha pode e deve ser compartilhado. 

Aprendi tanto mais do que ensinei nesses 20 e tantos anos desde a primeira vez em classe até agora, com Betty Kövesi, que perpetua o legado de sua mãe à frente da Escola Wilma Kövesi de Cozinha. Dia 21 de setembro mais uma vez estarei lá com uma aula de cozinha multicultural. Mas tem muito mais ensinamentos, receitas, muito mais gente, sabores e afeto nessa história de escola — sempre teve.

Wilma Kövesi já atuava como tradutora e intérprete (francês e inglês), produtora de eventos e professora de culinária quando criou sua escola, em meados dos anos 1980, com o propósito de ajudar pessoas que não sabiam cozinhar. A Escola WK iniciou com cursos de cozinha trivial, destinados a cozinheiras e yuppies recém-saídos da casa da mãe. Imagine que esse charme todo de cozinhar em casa para os amigos ou de desfiar sabedoria com preparações e harmonizações não existia. Aos poucos, ela teve a ideia de incluir na programação os requintes da culinária francesa para seus alunos, que cresciam em número e gêneros. Depois, introduziu as aulas ministradas por chefs de cozinha — e a semente floresceu. Foi por aí que eu entrei na cena onde já brilhavam Laurent Suaudeau, Claude Troigros, os jovens Carlos Siffert, Ana Soares, Roberta Sudbrack. 

A expertise de Wilma era congregar no mesmo espaço e tempo o seu conhecimento, seu inesgotável conteúdo, que sabia organizar de forma didática, e o seu talento para reunir pessoas – alunos e mestres. Nesses 40 anos que a escola vai completar, essa identidade se solidificou. Betty chegou para apoiar a mãe, poucos anos depois da fundação, nas atividades administrativas, na tecnologia e comunicação, e soube conduzir a jornada assumindo toda a potência do empreendimento quando Wilma Kövesi partiu. A alma da escola permaneceu e está nos registros, referências, no dia a dia do que é aprendido e o que é ensinado, na presença dos alunos, do time de profissionais parceiros. Betty congregou na cozinha a equipe com Carlinhos Siffert, Marina Hernandez, Jöel Ruiz, Carole Crema e Gabriela Martinoli — juntos, eles dão conta da qualidade e criatividade que está colada à marca WK. Atenta ao tempo e às revoluções, Betty vem adicionando novos conteúdos à programação, como as cozinhas temáticas, a infinidade de produtos brasileiros e o original curso de Luiza Fecarotta, que traz para a mesa receitas e escrita da querida Nina Horta (outra imensa saudade). 

É assim que a Escola Wilma Kövesi de Cozinha se mantém na história da cozinha paulistana e da gastronomia do Brasil com suas estórias de saber e muito sabor que atravessam a gente e a mesa farta. Como Wilma dizia: “Quanto mais se cozinha, mais se aprende”!

A programação toda aqui - https://linklist.bio/escola_wilma_kovesi 

www.wkcozinha.com.br   @escolawilmakovesi


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